Eleitos em 2020, cinco prefeitos no Ceará foram investigados nos últimos 6 meses
Entre fevereiro e agosto, dois chefes do Executivo chegaram a ser afastados em ações do MPE e PolĂcia Civil
O Ministério PĂșblico do Estado do CearĂĄ (MPCE) e a PolĂcia Civil deflagraram nos Ășltimos seis meses ao menos cinco operações contra prefeitos eleitos em 2020 no CearĂĄ.
Dois gestores pĂșblicos chegaram a ser afastados do cargo por suspeita de fraudes em licitação no mesmo perĂodo. As ações resultaram em apreensões de dinheiro em espécie, documentos, aparelhos de telefonia e até armas de fogo na residĂȘncia de uma chefe do Executivo.
O MPCE informou que "até meados do ano de 2021, o Estado do CearĂĄ enfrentava restrições devido a pandemia de Covid-19, o que dificultou a organização das operações".
ITATIRA
Nessa segunda-feira (8), o prefeito de Itatira, José Ferreira Mateus (PP), conhecido como 'Zé Dival', foi afastado da função após operação da PolĂcia Civil contra fraudes a licitações e lavagem de dinheiro.
A ação foi a terceira fase da operação "Hasta" e cumpriu mandados expedidos pelo Tribunal de Justiça do CearĂĄ (TJCE) contra um suposto esquema da Prefeitura, mas não divulgou que ordens judiciais foram emitidas e cumpridas.
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão, pelos policiais civis. Um dos alvos foi a residĂȘncia do prefeito.
A assessoria da Prefeitura de Itatira não foi localizada para comentar a operação policial e o afastamento do gestor.
SENADOR POMPEU
Em 5 de maio a operação "Descartes", no MunicĂpio de Senador Pompeu, mirou agentes pĂșblicos incluindo o prefeito MaurĂcio Pinheiro (PDT), um empresĂĄrio e a empresa que opera aterro sanitĂĄrio na região.
39 PREFEITOSCearenses foram investigados desde 2021 pelo MPCE - contando investigações jĂĄ em andamento desde anos anteriores, arquivadas no perĂodo ou que geraram denĂșncia.
O MPCE investiga indĂcios de prĂĄticas do crime de responsabilidade, previsto no Decreto-lei nÂș. 201/67, e de associação criminosa e falsidade ideológica.
De acordo com o MPCE, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, inclusive na casa de familiares do gestor. Pelas redes sociais, o prefeito comentou o assunto: "O que hoje aconteceu na casa de minha mãe, nada mais é do que a democracia funcionando [...] vieram, não obtiveram nada ilĂcito e ainda foram bem tratados e bem recebidos", escreveu MaurĂcio.
ALTANEIRA
No dia 6 de junho, a casa do prefeito Dariomar Rodrigues (PT), de Altaneira, na Região do Cariri, também foi alvo de busca e apreensão da PolĂcia Civil. A investigação foi a segunda fase da "Operação Salus".
As autoridades investigam possĂveis crimes contra a administração pĂșblica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro que teriam ocorrido na prefeitura.
Na ocasião, o prefeito negou que houvesse irregularidades na administração e se colocou "à disposição da Justiça e da PolĂcia Civil para elucidar qualquer dĂșvida que tenha".
HIDROLĂNDIA
Ainda no inĂcio do ano, em 22 de março, um desdobramento da operação "Laranja Mecânica" cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Hidrolândia, no interior do estado.
A operação do MPCE apura a utilização de identidades "laranjas" por parentes da prefeita Ires Moura Oliveira (PDT), para a realização de contratações no municĂpio.
As buscas apreenderam documentos, celulares e R$ 92.896,00 em espécie, além de armas de fogo não registradas encontradas na residĂȘncia da prefeita.
Além da casa de Ires Moura, os mandados foram cumpridos na sede da prefeitura, de empresas locais, nas residĂȘncias de empresĂĄrios investigados, servidores pĂșblicos, de secretĂĄrios e ex-secretĂĄrios municipais.
Procurada, a prefeita não comentou sobre as investigações à época. A reportagem entrou em contato através dos nĂșmeros disponibilizados pela prefeitura, mas não obteve retorno.
CATARINA
Em Catarina, no dia 9 de fevereiro a Procuradoria de Justiça dos Crimes contra a Administração PĂșblica (Procap) deflagrou a operação "TĂĄrtaro" mirando agentes pĂșblicos e empresas que mantinham contratos com a prefeitura.
O MPCE investigava indĂcios de prĂĄticas de peculato, fraudes em licitações, de crimes contra a Administração PĂșblica, de falsidade ideológica e de lavagem de dinheiro.
Os mandados foram cumpridos em face do prefeito, Thiago Paes de Andrade Rodrigues (MDB), que permaneceu afastado do cargo por quatro meses. Ele voltou à função em julho.
A prefeitura foi procurada através dos nĂșmeros disponibilizados no site, mas as ligações não foram atendidas.