Acusado por liderar facção e ordenar "Chacina das Cajazeiras", "Celim da Babilônia" é solto

O MPCE manifestou interesse em recorrer da decisão da absolvição, mas ainda não apresentou as razões

Foto: Reprodução

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Auricélio Sousa Freitas, o 'Celim da Babilônia', está novamente em liberdade. A soltura do homem, apontado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), em diversas ocasiões, como líder de uma facção criminosa cearense e até mesmo mentor da 'Chacina das Cajazeiras', veio após ele ser absolvido por um homicídio ocorrido em Fortaleza, no ano de 2015.

Na última sexta-feira (8), o Diário do Nordeste noticiou acerca da absolvição vinda por meio do Tribunal do Júri e a probabilidade de 'Celim' ser solto. Nessa segunda-feira (11), o diretor da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto assinou ofício comunicando que Auricélio foi posto em liberdade no dia 9 de setembro de 2023.

A direção da unidade prisional localizada em Itaitinga cumpriu alvará de soltura expedido pela 3ª Vara do Júri de Fortaleza. O MPCE manifestou interesse em recorrer da decisão da absolvição, mas ainda não apresentou as razões.

A TRAJETÓRIA DE 'CELIM DA BABILÔNIA'

'Celim' foi preso e solto sob suspeita de um homicídio no ano de 2013. Em junho de 2015, ficou como suspeito junto a Leonardo de Sousa Nascimento, o 'Fly', pela morte de Paulo Anderson da Silva.

'Fly' teria disparado três vezes contra a vítima, em ação premeditada a mando de Auricélio de Sousa.

'Celim' foi apontado como autor intelectual do crime de Paulo, já tendo encomendado a ação enquanto estava em um presídio. Leonardo foi julgado e condenado a 18 anos e 10 meses de prisão, em júri popular realizado em 18 de agosto de 2021.

Em depoimento, 'Celim' disse que em 2015 estava preso e não tinha nenhuma relação com o caso. Já neste mês de setembro de 2023, quando submetido ao julgamento, o Conselho de Sentença decidiu por mais de três votos absolver o acusado por este homicídio.

CHACINA DAS CAJAZEIRAS

Em janeiro de 2018, 14 pessoas foram assassinadas no episódio que ficou conhecido como 'Chacina das Cajazeiras'. A investigação da Polícia Civil do Ceará apontou que o crime foi motivado por disputa de tráfico de drogas, premeditado por uma facção local, a qual Auricélio fazia parte.

Foi expedido mandado de prisão contra 'Celim' pela chacina e, em julho de 2018, ele foi novamente detido, desta vez no bairro Dionísio Torres, na Capital.

Auricélio estava em um veículo de luxo e blindado e ainda teria apresentado documento falso para ludibriar os policiais.

Pelo uso do documento falso, Auricélio foi condenado em 2019, com pena de dois anos e 11 meses de reclusão, em regime inicial aberto. Na época, apesar da decisão que o tiraria de trás das grades, o líder da facção continuou recluso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Paraná, pois ainda tinha dois mandados de prisão em aberto.

Em 2020, Auricélio e demais membros de facções retornaram ao Ceará. No mês de abril deste ano, a Justiça decidiu impronunciar 'Celim da Babilônia' pela Chacina das Cajazeiras.

Anos após o episódio, o juiz da 2ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza considerou não haver provas suficientes para levar 'Celim' ao Tribunal do Júri. A decisão não se trata de uma absolvição do réu.

O magistrado explica que "enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade (pela prescrição, por exemplo), poderá ser formulada nova denúncia, desde que surjam provas novas". "Não se está concluindo que o acusado, Auricelio Sousa Freitas, não teve participação nos fatos descritos na Denúncia, apenas que até este momento não há indícios seguros capazes de sustentar uma decisão de pronúncia, sem prejuízo de que, a qualquer tempo, enquanto não extinta a punibilidade, em havendo novas provas, o feito seja desarquivado e dado curso à ação penal", disse o juiz Antonio Josimar Almeida Alves.